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Língua é algo criativo, mas essa
criatividade não expande os campos já delimitados da gramática, podemos pegar
uma palavra fora de nossa Língua e colocar um elemento dela: surf posso cria "surfão" , esse ÃO adicionado
é chamado de sufixo, é um elemento que se junta a outra palavra (radical) para
mudar-lhe o sentido. Os sufixo têm sua origem no latim ou no grego. O sufixo
{-ão} vêm do latim vulgar < -anú,
esse sufixo indica várias coisas: qualidade, cargo, origem, naturalidade:
vilão, capitão, capelão, pagão, vacilão, etc.
O sufixo {-ão} também indica o aumentativo: caldeirão,
covardão, meninão. Aqui entra a
criatividade dos falantes de uma Língua, por exemplo, temos uma viatura de
polícia no Rio de Janeiro chamada de caveirão. O que aconteceu nos últimos anos
com esse suffixo é interessante, porque esse sufixo, além de aumentativo,
começa também a indicar atos de corrupção como petrolão e mensalão, essa moda
pegou e agora temos o termo covidão, que faz uma referência aos atos de desvios
do dinheiro do Governo Federal que são praticados por Estados e Municípios.
Esse neologismo ficou
interessante, soa melhor que coronão, aqui entra também a questão da eufonia da
Língua, porém confunde o radical, afinal o radical é {covid-} e não {cov-} de cova, apesar de
existir uma referência a algo que assustou muito as pessoas nessa época de pandemia, que foi um prefeito chamado Covas abrir várias covas. Outra coisa interessante é que um dos primeiros, talvez o primeiro, a
usar o termo foi o presidente do PTB Roberto Jefferson, que foi o primeiro a
denunciar o Mensalão. A Polícia Federal já usa o nome e a palavra já é
encontrada em vários jornais, assustando alguns políticos. Unir doença e
corrupção é algo triste, mas a criatividade da Língua continua bela.
(Ricardo Gomes)
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