quinta-feira, 25 de junho de 2020

Covidão e a Corrupção do Sufixo


 

  A

 Língua é algo criativo, mas essa criatividade não expande os campos já delimitados da gramática, podemos pegar uma palavra fora de nossa Língua e colocar um elemento dela: surf  posso cria "surfão" , esse ÃO adicionado é chamado de sufixo, é um elemento que se junta a outra palavra (radical) para mudar-lhe o sentido. Os sufixo têm sua origem no latim ou no grego. O sufixo {-ão} vêm do latim vulgar  < -anú, esse sufixo indica várias coisas: qualidade, cargo, origem, naturalidade: vilão, capitão, capelão, pagão, vacilão, etc.

             O sufixo {-ão} também indica o aumentativo: caldeirão, covardão,  meninão. Aqui entra a criatividade dos falantes de uma Língua, por exemplo, temos uma viatura de polícia no Rio de Janeiro chamada de caveirão. O que aconteceu nos últimos anos com esse suffixo é interessante, porque esse sufixo, além de aumentativo, começa também a indicar atos de corrupção como petrolão e mensalão, essa moda pegou e agora temos o termo covidão, que faz uma referência aos atos de desvios do dinheiro do Governo Federal que são praticados por Estados e Municípios.

            Esse neologismo ficou interessante, soa melhor que coronão, aqui entra também a questão da eufonia da Língua, porém confunde o radical, afinal o radical é {covid-} e não {cov-} de cova, apesar de existir uma referência a algo que assustou muito as pessoas nessa  época de pandemia, que foi um prefeito chamado Covas abrir várias covas. Outra coisa interessante é que um dos primeiros, talvez o primeiro, a usar o termo foi o presidente do PTB Roberto Jefferson, que foi o primeiro a denunciar o Mensalão. A Polícia Federal já usa o nome e a palavra já é encontrada em vários jornais, assustando alguns políticos. Unir doença e corrupção é algo triste, mas a criatividade da Língua continua bela.

           (Ricardo Gomes)


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