“Com o lockdown e os problemas
gerados, percebemos que esse é o momento de um novo Bretton Woods, um great reset, para um Stackeholders capitalism”. Difícil entender? É bom nos acostumarmos
com alguns termos, para não sermos enganados por modismos. Apesar de parecer,
não se trata de um discurso meramente econômico, esse trecho acima possui
implicações sociais, psicológicas e até metafísicas! Vamos traduzir:
“Com
o isolamento e os problemas gerados, percebemos que esse é o momento de um novo
acordo de Bretton Woods, um grande reinício, ou grande recomposição, para um
capitalismo de grupos de interesse”.
Continua
complicado, afinal não se trata de apenas traduzir, sem o conceito que há nas
palavras a interpretação fica difícil, porque esbarra na compreensão, sem o conceito,
aproxima-se de algo técnico, distante dos neófitos mortais, por isso a tradução
em Língua Materna é algo importante, para não suficiente, já usar o termo em
inglês pode distanciar o falante da sua Língua e das relações semânticas
envolvidas, e como temos um novo conceito, ou aplicação de um conceito antigo,
podemos insistir que é melhor a Língua traduzir e anexar o conceito, do que
exportar o termo estrangeiro com seu conceito. O caso do Lockdown é um bom
exemplo, o termo isolamento é mais agressivo, triste, revela mais participação
individual e coletiva do que lockdown, assim como confinamiento no espanhol. Assim, quando usamos um termo
estrangeiro, perdemos os laços semânticos, deixando livres os que manipulam as
palavras, deixando livre a manipulação de forma positiva, algo que, não raro,
está longe de ser positivo.
É
uma questão que envolve a gramática, sobretudo quando comparamos as soluções em
outras línguas, vamos dividir o texto em duas partes, na primeira tentar
entender os termos e na segunda como está a solução em nossa língua.
Great Reseat: as dívidas governamentais
aumentaram, sobretudo com políticas como a do isolamento durante a pandemia do
vírus chinês, consequentemente, caminhamos para um calote, as agendas
ambientalistas continuam a sustentar que o homem causa mudanças climáticas,
lutam por uma política de descarbonização, controle populacional, mudança
alimentar etc. Seria o ser humano capaz de construir um bom futuro, sem mudar
as bases que sustentam este mundo? Durante a pandemia, ocasionada pelo vírus
chinês, muito se falou de um governo mundial, acima das nações, para tomar
decisões, ora, haveria como reconfigurar o capitalismo, dando-lhe valores
sociais e sustentáveis, com a colaboração dos governos? Para isso haverá coisas
como afrouxamento de liquidez bancária, renda mínima, maior controle social das
pessoas e dos créditos, ou seja, um governo de tecnocratas e fim dos Estados
nacionais como conhecemos, e também, sem direito a votar em quem coordena tudo
isso.
Stackeholders
– serão os encarregados de cooperar e administrar as consequências, sendo partes
interessadas, mas não necessariamente incorporadas ao projeto.
Vejamos
agora como fica a questão da tradução, para great
reset muitos sítios usam: grande recomeço, outros usam o termo grande
reinício. Em espanhol temos gran reinicio,
termo encontrado no próprio sítio do Fórum Econômico Mundial; o termo
reinício soa bonito, e mais próximo da proposta do que recomeço, apesar de o
mais justo ser grande reconfiguração, afinal é uma mudança na configuração de
relações financeiras, sociais, geográfica, morais etc, e no Brasil o termo reset traz a noção de desligar um
dispositivo para que ele volte à função anterior, ou normalidade, outra
tradução mais próxima do conceito seria redefinição: grande redefinição, ou até
mesmo grande recomposição, porque não será de imediato e sim paulatino, porém o
homem considerar que pode reiniciar o mundo de uma forma melhor, soa mais para
uma perigosa hipérbole socialista do que para um novo conceito de capitalismo.