segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Great Reset e Stackeholders – Estrangeirismo e Dominação

 

                 “Com o lockdown e os problemas gerados, percebemos que esse é o momento de um novo Bretton Woods, um great reset, para um Stackeholders capitalism”. Difícil entender? É bom nos acostumarmos com alguns termos, para não sermos enganados por modismos. Apesar de parecer, não se trata de um discurso meramente econômico, esse trecho acima possui implicações sociais, psicológicas e até metafísicas! Vamos traduzir:

                “Com o isolamento e os problemas gerados, percebemos que esse é o momento de um novo acordo de Bretton Woods, um grande reinício, ou grande recomposição, para um capitalismo de grupos de interesse”.

                Continua complicado, afinal não se trata de apenas traduzir, sem o conceito que há nas palavras a interpretação fica difícil, porque esbarra na compreensão, sem o conceito, aproxima-se de algo técnico, distante dos neófitos mortais, por isso a tradução em Língua Materna é algo importante, para não suficiente, já usar o termo em inglês pode distanciar o falante da sua Língua e das relações semânticas envolvidas, e como temos um novo conceito, ou aplicação de um conceito antigo, podemos insistir que é melhor a Língua traduzir e anexar o conceito, do que exportar o termo estrangeiro com seu conceito. O caso do Lockdown é um bom exemplo, o termo isolamento é mais agressivo, triste, revela mais participação individual e coletiva do que lockdown, assim como confinamiento no espanhol. Assim, quando usamos um termo estrangeiro, perdemos os laços semânticos, deixando livres os que manipulam as palavras, deixando livre a manipulação de forma positiva, algo que, não raro, está longe de ser positivo.

                É uma questão que envolve a gramática, sobretudo quando comparamos as soluções em outras línguas, vamos dividir o texto em duas partes, na primeira tentar entender os termos e na segunda como está a solução em nossa língua.

                 Great Reseat: as dívidas governamentais aumentaram, sobretudo com políticas como a do isolamento durante a pandemia do vírus chinês, consequentemente, caminhamos para um calote, as agendas ambientalistas continuam a sustentar que o homem causa mudanças climáticas, lutam por uma política de descarbonização, controle populacional, mudança alimentar etc. Seria o ser humano capaz de construir um bom futuro, sem mudar as bases que sustentam este mundo? Durante a pandemia, ocasionada pelo vírus chinês, muito se falou de um governo mundial, acima das nações, para tomar decisões, ora, haveria como reconfigurar o capitalismo, dando-lhe valores sociais e sustentáveis, com a colaboração dos governos? Para isso haverá coisas como afrouxamento de liquidez bancária, renda mínima, maior controle social das pessoas e dos créditos, ou seja, um governo de tecnocratas e fim dos Estados nacionais como conhecemos, e também, sem direito a votar em quem coordena tudo isso.

                Stackeholders – serão os encarregados de cooperar e administrar as consequências, sendo partes interessadas, mas não necessariamente incorporadas ao projeto.

                Vejamos agora como fica a questão da tradução, para great reset muitos sítios usam: grande recomeço, outros usam o termo grande reinício. Em espanhol temos gran reinicio, termo encontrado no próprio sítio do Fórum Econômico Mundial; o termo reinício soa bonito, e mais próximo da proposta do que recomeço, apesar de o mais justo ser grande reconfiguração, afinal é uma mudança na configuração de relações financeiras, sociais, geográfica, morais etc, e no Brasil o termo reset traz a noção de desligar um dispositivo para que ele volte à função anterior, ou normalidade, outra tradução mais próxima do conceito seria redefinição: grande redefinição, ou até mesmo grande recomposição, porque não será de imediato e sim paulatino, porém o homem considerar que pode reiniciar o mundo de uma forma melhor, soa mais para uma perigosa hipérbole socialista do que para um novo conceito de capitalismo.


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