Em um recente discurso na ONU, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro,
usou o termo cristofobia, referindo-se à perseguição aos cristãos em vários
países; o termo é pouco usado, mas revela algo que ocorre atualmente e
historicamente com o nome de Cristo.
Os substantivos nomeiam
os seres reais, imaginários, objetos e sentimentos humanos, para isso, eles
possuem um elemento em sua estrutura, nomeado radical, esse elemento sofre
poucas alterações e contribui para uma economia lingüística, contribui para aumentar
o léxico, contribui para o entendimento de um texto, por exemplo, se alguém ler
a palavra chamusco, pode até não saber que se trata de um odor de chama, mas
conseguirá, relacionar com a palavra chama (sem relacionar com o verbo chamar),
por causa do radical e dos afixos (elementos que colocamos junto ao radical).
As palavras com o tempo
recebem muitos afixos, isso contribui para sua atualidade, sabemos também que o
uso das palavras é como um espelho autoritário que reflete o espírito de uma
época (zeitgeist), reflete a cultura, reflete o interior dos falantes. Isso
gera uma busca em mudar termos, há pouco tempo, um termo como macho, tinha uma
carga positiva, porém com as criticas ao machismo, perdeu essa carga positiva.
Vejamos o que ocorre com o
radical de Cristo {Crist-}; desde o início do cristianismo existe uma
perseguição, o martírio dos apóstolos, a perseguição aos cristão em Roma
(CESARÉIA: 2019), governos contra o cristianismo, lutas religiosas, proibição
de culto, etc. Atualmente, esses fenômenos continuam e os termos vão se
acumulando: anticristianismo, anticristão, cristofobia, cristianofobia,
misocristia, guerra cristera, etc. Acumulam-se sufixos ao radical, porém esses
sufixos refletem uma perseguição aos que acreditam e seguem os preceitos de
Cristo. Assim temos por um lado, palavras que são atenuadas, por outro
percebemos que há uma certa denúncia sobre o espírito da época e o uso das
palavras, ou a negação de certas palavras, revelando a aceitação do poder das
palavras.
(Ricardo Gomes Pereira)
Referências
CESARÉIA, Eusébio: História Eclesiástica trad.: Wolfgang Fischer
São Paulo: Fonte Editorial, 2019.
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