quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Globalismo e Globalização: a Guerra dos Sufixos

 


A morfologia cuida da classificação, estrutura e significados da palavra, quando isoladas individualmente, para isso é importante o conceito de radical, que é a parte da palavra que traz sua significação lexical, por exemplo, ao ouvir ou ler a palavra fazendola, a pessoa pode não perceber o diminutivo, mas conseguirá perceber que se refere, ou tem relação, com a palavra fazenda. O radical é importante, porém há também os elementos colocados depois do radical, os sufixos, que podem mudar a palavra, é o que temos em globalismo e globalização, ambas possuem o mesmo radical {glob-}, mas são coisas distintas e, ultimamente, confundem seus significados.

            Globalismo e globalização possuem o mesmo radical, mas sufixos nominais distintos, esses sufixos indicam em globalismo {-ismo}: doutrina, sistema político, ciência; já em globalização temos o sufixo {-ção}: ação, estado ou qualidade. A diferença fica evidente quando usamos alguns determinantes: globalização política (para globalismo) e globalização econômica (para globalização); a globalização econômica refere-se a uma ação dos Estados em busca de um livre comércio, o problema para sua realização são os protecionismos de mercado; já a globalização política, por sua vez, refere-se a uma ampliação de determinada política social, cultural, legislativa, ou seja, um coletivismo, controlado por burocratas, ou agentes, acima das escolhas democráticas locais.

            Nota-se que o sufixo {-ismo}, realmente, possui uma importância no termo, pois o globalismo possui um caráter de doutrina, cuja premissa é: um mundo com problemas complexos (saúde, meio ambiente, comércio) exige um poder centralizado para decisões em nível mundial. Essa busca de um governo global convergente é um resultado, segundo Olavo de Carvalho, de três fatores:

 

 a) Alta complexidade das administrações públicas e os suportes tecno-sociais, fornecendo instrumentos de controle social, que não dependem de debate político;

b) meios de comunicação concentrados em pequenos grupos que realizam engenharia comportamental e fomentam o controle político com apologia a determinado tipo de pensamento e censura aos críticos;

c) Elite financeira a patrocinar os “órfãos de uma causa social”, com o fim da URSS, favorecendo militâncias locais e assim fomentando uma máquina de pressão política e intimidação. (CARVALHO: 2014 p.165).

 

            Assim é perceptível que temos, de um lado, uma ação econômica e comercial (globalização) e de outro uma centralização política em um grupo supranacional doutrinário; não obstante, ainda há certa confusão em jornais e membros da mídia abastada, essas confusões deixam claro que podemos estar diante do fator (b) acima descrito, ou de que na guerra dos sufixos, a desinformação é uma arma bem conveniente.

           

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Olavo de:  o mínimo que você precisa saber para não ser um idiota  org. Felipe Moura Brasil. – 10ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2014.

 

POLLEIT, Thorsten:  A diferença básica entre globalismo e globalização econômica: um é o oposto do outro in: MISES BRASIL/Artigos. disponível em: https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2639#:~:text=O%20globalismo%20%C3%A9%20uma%20pol%C3%ADtica,de%20interven%C3%A7%C3%B5es%20e%20decretos%20autorit%C3%A1rios.  Acesso em 29/09/2020.

 


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