terça-feira, 13 de outubro de 2020

De Pandemia para Sindemia: Mudam-se os Nomes, Permanecem os Radicais.


 

No dia 11 de março de 2020 a OMS declarou que a doença causada por um vírus chinês (Sars-Covid-2) tratava-se de uma pandemia, o nome faz uma referência a sua disseminação geográfica e cria um alerta para as nações. Esse nome, pandemia, também usa o famoso radical nominal grego {dem-, demo-}, que indica população, grupo, povo, daí seu uso na terminologia médica. Também encontramos em termos como endemia e epidemia, onde o primeiro concentra-se em uma determinada população, por razões geográficas ou culturais; já o segundo, epidemia, trata-se de uma região e finalmente pandemia quando há uma ampliação geográfica, daí o prefixo {pan-} que quer dizer inteiro, completo; de fato, o vírus surge na China e se propaga para o mundo inteiro, o que justifica o nome pandemia, porém, recentemente um neologismo começa a tomar forma, ou seja, sindemia.

                O nome surge em 1990, cunhado pelo antropólogo e médico norte-americano Merril Singer, para se referir a interação entre doenças que causam um dano maior que a soma dessas doenças, um exemplo são os usuários de drogas injetáveis, que possuem alguma doença preexistente e a droga acaba por ampliar o dano; no caso do vírus chinês, há a comorbidade (o diabetes, a obesidade e o câncer) que amplia seus danos, sobretudo em pessoas menos assistidas.  A mudança conceitual cria uma mudança semântica importante, pois não se trata apenas de cuidar dos doentes e da propagação do vírus, mas também de contribuir para que as comunidades menos assistidas não sejam tão vulneráveis, sobretudo socialmente.

                Temos assim, com o conceito de sindemia, um contraponto ao grupo que dizia que a economia a gente vê depois.

               (Ricardo Gomes Pereira)

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