terça-feira, 25 de agosto de 2020

Infectadura, ou Neologismos não Transmitidos na Pandemia

                                                                           


Durante a pandemia de 2020, fomos invadidos por uma grande quantidade de neologismos, tal fenômeno criou um compartilhamento de neologismos entre línguas diferentes, por exemplo, “novo normal”, por outro lado, há neologismos que ficaram restritos aos seus respectivos países, apesar de ações semelhantes, geradoras do neologismo, ocorrerem pelo mundo inteiro, um exemplo interessante são os neologismos: infectadura e saludcracia, que surgem na Argentina, mas por quê tais neologismos ficaram restritos? 

        O termo infectadura surgiu na Argentina, criado em um documento conjunto com mais de 300 intelectuais, cientistas e jornalistas do país, entre ele Juan  José  Sebreli, sociólogo que analisa questões como o neopopulismo na Argentina e o filósofo Santiago Kovadloff.  A palavra é formada por dois termos infectologia e ditadura, seria como uma ditadura imposta pelo governo em questões como confinamento e quarentena, em razão do vírus chinês. O governo, por seu lado, através do ministro da defesa Agustín Rossi, trouxe outro neologismo: “saludcracia”, formada com o hibridismo de  “salud” saúde, mais o radical grego cracia: governo.

        Essa guerra de neologismo não chegou até nós, apesar de vermos governos estaduais e municipais usando de muita autoridade para garantir o isolamento e vozes discordantes. O que explica a ausência de tais termos, em nossas terras verbais, talvez seja a questão de o Governo Federal ficar mais atado a questões técnicas, apesar de acusações de autoritário e “fascista” tais neologismo não circularam por aqui, aí fica a questão de mesmo as palavras não ditas, dizerem algo.  

(Ricardo Gomes Pereira)

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