terça-feira, 7 de julho de 2020

Twitter X Paler : a Liberdade do Referente

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               Na comunicação, há alguns elementos básicos para sua ocorrência, precisamos de um emissor para enviar uma mensagem que chegará a um receptor, essa mensagem precisa usar um código, esse código usará um canal e terá um assunto, ou referente. As redes sociais não eliminam tais elementos, apenas ampliam, por exemplo, um emissor, possui vários receptores, usando apenas um canal (rede social), eis a contribuição: os receptores podem influenciar o emissor, ou até eliminar o argumento, mudando o referente.  Aí entra o problema, poderia o canal (meio utilizado) controlar os referentes, ou assunto, manipulando assim os receptores?  O Twitter entrou neste imbróglio, causando uma busca de alternativa, que também é uma busca linguística de menos controle no referente. Antes de analisar o fenômeno é bom guardar o modelo dos fatores intervenientes na comunicação, isolados por Jakobson (1896-1982):

                             

                Essa tentativa de alternativa não é nova, sempre que há tentativas de se inibir a comunicação, as pessoas buscam soluções, por exemplo, os simbolismos nas catacumbas, durante o cristianismo primitivo. Hoje com as redes sociais e uma  censura velada, a alternativa é usar outra rede para competir, sobretudo quando o assunto envolve política. Os usuários reclamam das atitudes do Twitter em eliminar contas ( controle do emissor), quando as conversas estão em alta, derrubam essa conversa, diminuindo seu alcance ( controle do receptor)  e uso de matérias que possuem uma conotação ideológica, sem espaço para diálogo ( controle do referente). Tais fatos ocorrem, segundo os descontentes,  com o pensamento mais ligado ao conservadorismo (Burke, Scruton, Olavo de Carvalho, etc) do que com elementos de conotação sexual, pedofilia, assédio, ou com ênfase mais socialista e progressista. Depois de reclamar, a opção foi em um curto período vários usuários abandonarem o pássaro e migrarem para o Parler.

              A migração não é algo novo, tanto que surgiu o GAB, durante as eleições norte-americanas em 2016, vindo também para o Brasil, e sendo uma resposta as aparentes opções do pássaro azul para o mundo vermelho. Há uma tendência de migração. No entanto a busca pelo Paler ocorre em um momento sem eleição de presidente no Brasil, mas com críticas e descontentamento de usuários, apesar de existirem alternativas mais unificadas (conservativecore), tal fato valoriza a busca por outros canais, o que é importante para a liberdade de expressão. Já para a empresa essa fuga de clientes deve ser assustadora, pois revela um descrédito na rede social, onde, diferente de um jornal, o produto oferecido é justamente a possibilidade de um canal de comunicação com vários membros e liberdade para interagir., um receptor não preso, nem ao emissor, nem ao referente. 

               Se não perceberem que o controle do referente acaba criando uma censura sutil, que os usuários não querem, afinal temos institutos de pesquisas que caíram em descrédito quando tentaram  manipular  o referente. Mais uma vez percebemos que as pessoas usam a linguagem para seus atalhos, para se expressar, não cabe ao canal usado ser a pedra no caminho, ou ser o ponto final do referente.

   (Ricardo Gomes)

 


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