O Hino Nacional Brasileiro é sem dúvida um belo exemplo estético, com seu sabor culto, composto por Osório Duque Estrada, poeta parnasiano, movimento que prezava pela forma e linguagem rebuscada, e com música de Francisco Manuel da Silva, música que veio bem antes da letra. A letra carrega a influência da poesia da época, entre romântico e parnasiano, fugindo do lusitanismo, além disso, possui um apego pelo que chamamos de hipérbato, ou seja, uma inversão da ordem sintática direta, a ordem direta, que é a mais comum, consiste em Sujeito + Verbo + Predicado, porém podemos mudá-la, não se trata de algo fixo, essa mudança quando não afeta muito o entendimento é chamada de hipérbato, se for exagerada e afetar o entendimento, aí teremos a sínquise.
A seguir há o hino nacional em ordem direta e também em prosa (parágrafos em vez de versos), o que facilitará o entendimento de certos trechos do hino.
I
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico e nesse instante, no céu da pátria, o sol da liberdade brilhou em raios fúlgidos. Se conseguimos conquistar com braço forte o penhor dessa igualdade em teu seio, ó liberdade, o nosso peito desafia a própria morte. Pátria amada, idolatrada, salve! Salve!
Brasil, se em teu formoso céu risonho e límpido resplandece a imagem do cruzeiro, desce a terra um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança. Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido colosso e o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, entre mil outras, és tu Brasil, ó pátria amada! És mãe gentil dos filhos deste solo, pátria amada Brasil.
II
Ó Brasil, florão da América, eternamente deitado em berço esplêndido, iluminado ao sol do novo mundo, fulguras ao som do mar e à luz do céu profundo. Teus lindos campos risonhos têm mais flores do que a terra mais garrida; “Nossos bosques tem mais vida”, “nossa vida” no teu seio “mais amores” Ó pátria amada, idolatrada, salve! Salve!
Brasil, o lábaro estrelado que ostentas seja símbolo de amor eterno e o verde-ouro desta flâmula diga: Paz no futuro e glória no passado. Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem a própria morte teme, quem te adora. Terra adorada. Entre mil outras és tu Brasil, ó pátria amada! És mãe gentil dos filhos deste solo, pátria amada, Brasil.
(Ricardo Gomes Pereira)
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